sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Discussões sobre Adorno em disciplinas de Educação

Adorno tem sido uma das referências centrais no curso de Literatura e Educação da USP, principalmente porque ele defende a importância da educação no mundo pós-Auschwitz e a emancipação do indivíduo pelo conhecimento. A sua conclusão principal é a necessidade de mais razão, e não menos, para que situações análogas às vividas na Segunda Guerra Mundial não se repitam na história da humanidade.

A referência a Adorno e a toda Escola de Frankfurt como espinha dorsal do curso pode apontar para uma interpretação equivocada de educação. Primeiramente, porque a Escola de Frankfurt pressupõe uma espécie de passividade e acriticidade do indivíduo frente às estruturas sociais. Esse ponto pode ser suavizado pela argumentação de Adorno com relação à necessidade de emancipação do indivíduo por meio da educação, mas não anula a noção de que somente uma educação formal pode levar à isso. O sociólogo, dessa forma, ressalta a importância da educação sem apresentar um método eficaz ou estratégias a serem colocadas em prática. Nesse sentido, acho problemático uma disciplina de licencatura tomar somente seus textos como referência teórica, reforçando o papel do professor mas não dando ferramentas para que seu trabalho seja desempenhado.

No entanto, a principal questão que me incomodou nas leituras de Adorno é a possibilidade de interpretar a posição do professor como sendo a fonte de conhecimento, e não um mediador. Fica implicado que o professor possui uma capacidade iluminadora e emancipadora em relação aos seus alunos, o que sempre me pareceu uma postura intelectual que na verdade os distancia. Em outras palavras, a leitura deixa margem para pessoas despreparadas interpretarem a função do professor como aquela pessoa que possui todo o conhecimento a ser transmitido aos alunos, eliminando o aspecto dialógico dessa experiência e a forma como os alunos contribuem com o professor e com as aulas.

Talvez seja necessário rever a forma como são abordados determinados conteúdos no currículo das disciplinas de licenciatura, para que elas não sejam apenas um emaranhado de referências teóricas consagradas, Adorno incluído, e se transformem em espaços de discussão um pouco mais voltados para prática. Essa, a meu ver, parece ser a grande esfinge a ser decifrada pelos atuais alunos, futuros professores. Afinal, que professor recém-formado sabe exatamente se a forma como ele aborda os conteúdos é a mais eficaz ou aquela que melhor contribui para a formação de seus alunos?  

Existe a possibilidade que a reflexão apresentada aqui não leve a nada e seja só paranóia da minha cabeça.
Vai saber...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Algumas relações entre notícias

No dia 29/06/2010 foi publicada na Folha de São Paulo a seguinte notícia: Apostila melhora nota de aluno em SP. O resultado da pesquisa, conduzida pelo Fundação Lemann, demonstrou pela primeira vez que o uso de apostilas teria impacto significativo no processo de aprendizagem, aumentando a nota dos alunos na Prova Brasil.

À parte do que pode existir de controverso no uso desses materiais em sala de aula, o resultado apenas mostrou que, em termos de formação de professores, o país ainda tem muito a fazer. Usando o material, o conteúdo de cada aula fica sistematizado e organizado tanto para professores quanto para alunos, destituindo o professor dessa função. Enquanto muitos argumentam que esse seria um engessamento do currículo, a sua utilização mostra que muitos profissionais ainda precisam ser guiados em atividades básicas como a preparação de aulas.

No entanto, meu enfoque nesse texto não será exclusivamente o uso ou não desses materiais e seus impactos em sala de aula. Essa semana saiu a notícia de que a Abril Educação comprou o grupo Anglo, que engloba o Anglo Sistema de Ensino, o Anglo Vestibulares e o Siga, voltado para concursos públicos. A compra tranforma o Abril Educação no segundo maior grupo nesse segmento, e aponta a estratégia da empresa em se tornar o líder do país.

Ambas as notícias, quando colocadas lado a lado, apontam que existe a possibilidade de expansão do ensino apostilado em diferentes âmbitos de ensino, seja ele privado ou público. Talvez seja de interesse das empresas expandir o mercado de venda de apostilas e investir na criação de novos materiais, mas é preciso considerar qual o seu impacto a longo prazo na educação do país. Investir nas apostilas é uma resolução de curto prazo, um mero remendo para um problema que é estrutural. Enquanto os princíos estrurantes não forem reformulados e a educação começar de baixo, sendo vista como um proceso de crescimento do indivíduo e culminando na formação de professores, as estruturas recebem apoios cada vez mais pré-fabricados e insuficientes. Afinal, melhorar notas não é resolver a questão.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Questões práticas sobre didática

Outro dia, na aula de Fonética, os alunos começaram a perguntar para professora coisas como:

1) Como posso aplicar em sala de aula os conhecimentos de fonética e fonologia, morfologia e sintaxe que são apresentados na faculdade? Ou seja, para que serve saber de Linguística no cotidiano do professor?

2) De que forma o conhecimento linguístico pode ser transmitido aos alunos? Como ensinar sintaxe e escrita usando as diferentes visões de linguagem e descrições da língua (gramática normativa, gramática de usos, gramática descritiva, gramática funcionalista, gramática sistêmico-funcional, etc.)?

Como o assunto dá pano para manga, ainda mais na USP que não tem um departamento de Linguística Aplicada, as respostas não foram satisfatórias e todos entraram em um consenso de que deveria haver uma disciplina que ensinasse o que fazer com os conhecimentos linguisticos e o ensino de português, ou mesmo qualquer outra língua estrangeira. Também tocamos no assunto de que tais coisas deveriam ser discutidas na aula de Didática, mas que o atual programa dessa disciplina dá conta, apenas, de informar as diferentes linhas teóricas sobre ensino.

Fiquei pensando cá com os meus botões que, se essas questões fossem fáceis de ser resolvidas, ninguém estaria depois fazendo mestrado e doutorado, tentando resolver as mesmas dificuldades e lidando com os mesmos tipos de problema.

Parte da Biblioteca Brasiliana é disponibilizada online

Biblioteca Brasiliana, composta pela coleção do bibliográfo José Mindlin e sua esposa, Guita,  foi doada à Universidade de São Paulo e conta com um acervo de 17.000 títulos ou 40.000 volumes. Os títulos incluem obras de literatura brasileira e portuguesa, relatos de viajantes, manuscritos históricos e literários (originais e provas tipográficas), periódicos, livros didáticos e científicos, iconografia (estampas e álbuns ilustrados) e livros de artistas (gravuras). Todos estão sob curadoria da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, da USP, até a conclusão da construção do prédio da biblioteca.

Enquanto o prédio da  não fica pronto, quem tiver curiosidade de ver alguns dos livros pode entrar no site da Brasiliana Digital. Só para citar alguns dos autores, já estão disponíveis livros de Castro Alves, José de Alencar, Augusto dos Anjos, Aloísio Azevedo, Lima Barreto e Machado de Assis.

Vale lembrar que, além de serem clássicos da literatura brasileira, alguns dos livros digitalizados também fazem parte da lista de leitura obrigatória de vestibulares.   

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ensino na USP é prejudicado pela greve dos funcionários

Greve dificulta acesso a obras indicadas por professores

Funcionários da Universidade de São Paulo entraram em greve na manhã de hoje, dia 05 de maio, buscando aumento salarial de RS 200,00 fixo, além de 16% de reajuste. Segundo o Sindicato dos Funcionários da USP (Sintusp), houve uma quebra da isonomia no início deste ano, quando os professores receberam aumento salarial de 6% e os funcionários não tiveram nenhum benefício. Por enquanto, os professores não deram  indicativo de greve. A situação deve ser discutida no próximo dia 11, em reunião de todos os setores com a Reitoria.

A greve afeta a circulação de ônibus internos da USP dentro dos campi, atividades laboritoriais, atividades administrativas e a utilização das bibliotecas. Com isso, os estudantes estão tendo dificuldades para conseguir os textos a serem lidos em sala de aula ou por indicação dos professores. Se não estiverem no xerox, não há como realizar a leitura. Há obras raras e publicações especiais que não podem ser compradas e, mesmo se pudessem, a idéia de comprar todos os livros requisitados é economicamente inviável.

Espera-se que na reunião entre Reitoria, Professores e Funcionários, marcada para o dia 11 de maio, a questão seja debatida e todas as partes entrem em um consenso, impedindo assim que os estudantes saiam prejudicados e os benefícios aos funcionários, tendo fundamento o pedido, sejam concedidos.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Segundo semestre já conta com dois congressos de linguistica

Agenda


1) VI ALSFAL - Conference of the Latin American Systemics Functional Linguistics Association

Systemic Functional Linguistics and its Potential for Semiotic-Discursive Empowerement

Cursos e Workshops: 05 e 06 de outubro de 2010
Conferência: 07 a 09 de outubro de 2010

Local: Fortaleza, Ceará - Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Inscrições: http://www.6alsfal-uece.com.br/
Resumos para apresentações devem ser encaminhados de 12/04 a 06/06/2010

Telefone: +55 85 9989 7618
E-mail: info@6alsfal-uece.com.br



2) III Colóqio da ALED Brasil - Associação Latino Americana de Estudos do Discurso

Discurso e Práticas Sociais
Um tributo a Luis Antônio Marcuschi

Data: 13 a 15 de outubro de 2010

Local: Recife, Pernambuco - Universidade Federal de Pernambuco

Inscrições: http://www.aled2010.com.br/
Aceitas até dia 31/05/2010

E-mail: contato@aled2010.com.br

sábado, 1 de maio de 2010

Ministério de Ciência e Tecnologia promove debate sobre inovações na área

A 4a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Informação pretende estimular debates e consolidar propostas sobre políticas de Estado na área, tendo em vista o Desenvolvimento Sustentável do país. A proposta é unir os âmbitos federal, estadual e municipal no desenvolvimento das políticas públicas, incluindo a sociedade civil no debate. Segundo o convite enviado pelo Ministério, como a intenção é desenvolver uma agenda estretégica para o futuro do Brasil, a participação efetiva de representantes dos órgãos públicos, empresários, comunidade científica e organizações da sociedade civil. é fundamental.

O encontro será em Brasília, entre os dias 26 e 28 de maio. Inscrições podem ser realizados até dia 14 de maio, no site da Conferência ( http://www.cgee.org.br/cncti4/index.php?option=com_content&view=article&id=236&Itemid=117 ), e precisam ser confirmadas via e-mail. Na programação, constam plenárias sobre educação, desigualdade e inclusão social, desenvolvimento e agenda empresarial.

Maiores informações no site: http://www.cgee.org.br/cncti4/