segunda-feira, 23 de novembro de 2009

'Questões' é um termo um pouco vago...

Deu no New York Times, em 14/11: Seeling Lesson Plans Online Raises Cash and Questions. Só pelo título a matéria já me chamou a atenção, afinal, a questão financeira envolvendo a internet e a venda de planejamento de aulas parece ser algo que atrairia muita gente a tentar ganhar dinheiro dessa mesma forma, por mais que esteja indicado que a prática pode ser duvidosa.

Ao terminar de ler, eu vi que a matéria não apresentava dúvidas sobre como esse material deveria ser usado, sendo por exemplo adaptado a cada contexto, a cada sala pelo professor/comprador, mas o grande questionamento era se a propriedade intelectual dos planejamentos de aula de professores da rede pública era deles mesmo, se era correto (do ponto de vista comercial) vender esse tipo de trabalho.

Mas os meus questionamentos são mais direcionados à utilização desses planos de aula. Para alguns, parecia ser somente mais uma fonte para montar as aulas, facilitando o trabalho. Válido e compreensível, já que estava funcionando como uma espécie de relato de experiência do qual todos poderiam tirar proveito. Para outros, a impressão que se têm é a de que o material era utilizado da forma como vinha, já que "reinventar a roda" não faz sentido. E, assim, seria necessário considerar que a realidade sócio-cultural de um país tão grande quanto os EUA (e no Brasil, a meu ver, a coisa é ainda mais complicada) é diversa: alguém  pode imaginar uma professora texana dando a mesma aula que um nova-iorquino? Por que o jornal não explorou os usos desses materiais, apenas as vantagens econômicas para os professores/vendedores?

Do ponto de vista de um jornalismo preocupado com a informação e com a formação crítica dos seus leitores, faltou avaliar o problema da perspectiva de ensino/aprendizagem ou do próprio aluno. Pensando agora na visão da linguística aplicada, seria impossível pensar em um cenário educacional em que planejamentos de aula são vendidos e utilizados da mesma forma em dois ou mais locais com culturas, saberes, facilidades e dificuldades distintos, por professores completamente diferentes. Por princípio, faz parte da atividade profissional montar um planejamento de aula que leve em consideração todas as questões de contexto, na tentativa de se criar um ambiente mais confortável, agradável e propício para os alunos. Uma metodologia de ensino, por exemplo, que busque trazer elementos do cotidiano e da cultura do local para dentro da temática formal da aula.

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